segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Jóias do Cerrado no Eixão

22/02/2010
Joias do Cerrado no Eixão
Lucio Bernardo





DF tem mais árvores exóticas do que nativas, o que prejudica os animais


JONATHAS EMMANUEL



Para os frequentadores do Eixão Norte o domingo foi de reflexão sobre a vegetação nativa. Quem passou na altura 7/8 pode conferir a exposição fotográfica Joias do Cerrado, de Eduardo Borges, ativista internacional conhecido por fotografar as belezas do bioma do Centro-Oeste, principalmente no Distrito Federal. A iniciativa foi dos movimentos ambientalistas Brasília Sempre-Viva e Sociedade das Bicicletas. O objetivo do evento é despertar a atenção dos moradores para os cuidados com meio ambiente na zona urbana.
A relação de Eduardo Borges com o Cerrado é de intimidade, talvez por ter nascido em Goiânia. “Conheci Eduardo quando trabalhávamos na Funai. O olhar dele era minucioso, conseguia captar a joia perene, a flor é única; ele era um apaixonado por isso, e famoso lá fora por ter sensibilidade e sutileza”, afirma o coordenador Ronald Pinto. (SIC.)
A proposta da exibição é chamar a atenção das pessoas para um problema considerado crítico, e despercebido pela sociedade em geral, que é a devastação do Cerrado. “A expansão desordenada gera um profundo impacto ambiental, os custos vão ser percebidos ao longo do tempo. O problema está em vários lugares do Brasil, falta educação ambiental para se ter preservação. Cuidar não significa colocar cerca para delimitar a área que deve ser mantida, é muito mais do que isso, tem que ter uma série de profissionais para organizar o meio ambiente e estudar a área restrita”, analisa Ronald Pinto.
Para ele a falta de informação sobre o Cerrado contribui para o desmatamento “Tanto as autoridades, quanto a população não percebem a importância do Cerrado, ninguém preserva o que não conhece”, afirma.
A apresentação Joias do Cerrado é feita em vários Estados brasileiros em homenagem a Eduardo Borges, que morreu depois de sofrer acidente de trânsito em fevereiro de 2008. Além da mostra, poetas atraíram uma pequena plateia formada debaixo das árvores na beira da pista. O público ouviu declamações de textos clássicos de Guimarães Rosa e Mário Quintana interpretados pelos artistas locais Renato Matos, Nicolas Bher e Adeílton Lima, que enfatizavam a importância de cuidar da flora nativa.
“É importante discutir desta forma o meio ambiente. Nós precisamos debater o nosso verde”, disse o morador Edgar Marra, fotógrafo.
Houve também uma feira de produtos naturais, com distribuição de sementes do Cerrado e com ponto de coleta de sacos plásticos, que serão reutilizados para produção de mudas. Houve também roda de prosa com representantes de várias ONGs ambientalistas do DF, inclusive a autora do Livro Aves Comuns do Planalto Central, Cândida Cruz, especialista em ornitologia e botânica.
Durante a exposição, o movimento Brasília Sempre-Viva inaugurou uma campanha pela manutenção dos parques ecológicos da capital federal. “A crescente urbanização no DF tem afetado os parque ecológicos, que são como ilhas de biodiversidade nas capitais e municípios. A ONU (Organizações da Nações Unidas) estabeleceu que 2010 é o Ano Internacional da Biodiversidade, e o Cerrado, apesar de um ser o bioma com segunda maior biodiversidade do país, possui taxas de desmatamento maiores que as da Amazônia”, afirma Mara Marchetti, organizadora do evento.
De acordo com a coordenação, faltam políticas públicas de amparo ao Cerrado. “Pouquíssimas pessoas têm noção do que tem na vegetação do DF. Grande parte das plantas medicinais é do Cerrado. Há um grande menosprezo, falta de consciência da importância das mudas nativas. A gente vê construções sendo feitas sem a menor orientação de cuidados. Quando acontece a reposição das plantas que foram arrancadas, a maioria das vezes não é com sementes do Cerrado”, afirma Denise Augustinho.



Tese de mestrado

A pesquisadora Roberta Costa Lima realizou tese de mestrado na Universidade de Brasília (UnB) em 2005 sobre os tipos de árvores existentes na capital federal. Foram analisadas 39 quadras divididas em décadas desde 1960 até a data do fechamento do trabalho para saber qual a espécie predominante na vegetação de Brasília. O resultado mostra que a diversidade da arborização é grande, mas a maioria é exótica, de outros países. Grande parte das nativas é de mata de galeria (mata do Cerrado), em vez da vegetação de origem.
Para a pesquisadora é preciso valorizar as mudas nativas do Cerrado de Brasília para não perder a identidade do local. “É errado priorizar as plantas exóticas, apesar da sua grande funcionalidade, de oferecer sombra, frutos, por exemplos, ou até mesmo pela questão estética, principal motivo da plantação dessas mudas aqui no DF”.


FONTE: http://www.tribunadobrasil.com.br/site/?p=noticias_ver&id=12855

ERRATA:
Ronald Pinto não é coordenador do Movimento Brasília Sempre Viva e também não coordenou a ação/exposição no Eixão de Lazer.

Para contato com as coordenadoras:
Denise Paiva: denisepaiva@yahoo.com
Lígia Benevides: ligiabene@gmail.com
Mara Marchetti:
maramarchett@hotmail.com

2 comentários:

  1. Adorei a tarde de domingo no Eixão Norte com a exposição Joias do Cerrado, o debate os ambientalista que lá estiveram, todos gente que faz, e faz bem feito. Parabéns turma do bem, vcs são o futuro de uma Brasilia mais limpa e que respeita o meio ambiente e a biodiversidade. Beijos no coração.

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  2. Muito bom o blog, gente!


    Parabéns pelas atividades na rua e pelos escritos.

    No mais, espero participar em algum momento com as interenções poético ambientais.

    Abraços
    Bic

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